
CRISE SOCIAL EM BRUSQUE: 97% DOS ATENDIDOS SÃO DE FORA DA CIDADE
Em um levantamento realizado entre março de 2024 e março de 2025, a Prefeitura de Brusque atendeu mais de 600 pessoas em situação de rua. Um dado surpreendente: apenas 3% dos atendidos são naturais do município, revelando que Brusque se tornou um ponto de passagem para muitos. A maioria dos moradores de rua que buscam atendimento na cidade vem de outras localidades, sendo 82,2% de outros municípios brasileiros e 37 pessoas de outros países. Além disso, 55 pessoas atendidas não tiveram sua origem identificada.
A Realidade dos “Trecheiros”
De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Social de Brusque, muitos dos atendidos são chamados de “trecheiros”. Este termo é utilizado para descrever pessoas que percorrem longas distâncias a pé, de cidade em cidade. Eles chegam a Brusque, se reabilitam e, após um período de acolhimento, seguem viagem. A situação de vulnerabilidade dessas pessoas não é exclusiva de Brusque, mas sim parte de um fenômeno mais amplo que afeta diversas regiões do Brasil.
Crescimento Nacional da População em Situação de Rua
O fenômeno do aumento da população em situação de rua não é exclusivo de Brusque. Um estudo recente da Universidade Federal de Minas Gerais apontou que o número de pessoas vivendo nas ruas no Brasil aumentou em 25% entre 2023 e 2024, saltando de 261 mil para 327 mil. Se comparado a 2013, o crescimento é ainda mais alarmante, com o número de pessoas em situação de rua sendo 14 vezes maior.
Ações de Assistência em Brusque
A Prefeitura de Brusque tem se esforçado para atender as necessidades dessa população por meio do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e do Albergue Municipal, que oferece pernoite, alimentação, banheiros e encaminhamentos para acompanhamento técnico. O Albergue Municipal funciona das 19h às 7h, sendo um ponto de acolhimento essencial para quem se encontra em situação de vulnerabilidade.
Além disso, a operação “Brusque: Quem Ama, Cuida”, realizada duas vezes por semana, busca realizar abordagens sociais em diferentes regiões da cidade, encaminhando as pessoas para centros de recuperação, hospitais ou suas cidades de origem. A ação envolve o apoio de diversas secretarias municipais e tem sido fundamental para mitigar os impactos dessa crise.
O Que Está Sendo Feito, Mas O Que Ainda É Necessário?
Embora as ações de acolhimento e apoio tenham se mostrado eficazes, é evidente que a crise social em Brusque – assim como em todo o Brasil – requer uma abordagem mais ampla e soluções de longo prazo. É fundamental que os municípios e o governo federal se unam para criar políticas públicas mais eficazes, que garantam não apenas a assistência emergencial, mas também condições para que as pessoas possam sair dessa situação de vulnerabilidade.
A questão das pessoas em situação de rua não pode ser tratada apenas como uma emergência de curto prazo. A busca por soluções integradas, que envolvam saúde, educação, capacitação profissional e moradia, é essencial para que essas pessoas possam reintegrar-se plenamente à sociedade.
Conclusão: Um Desafio Coletivo
A situação dos moradores de rua em Brusque é um reflexo de uma crise social mais ampla que afeta várias partes do Brasil. A cidade tem feito o possível para ajudar, mas a verdadeira mudança dependerá da união de esforços entre governo, sociedade civil e todos os setores da comunidade.
É fundamental que a população tenha consciência do papel que pode desempenhar em ações de solidariedade e apoio a essas pessoas, reconhecendo que cuidar dos mais vulneráveis é um dever coletivo. Só assim, conseguiremos avançar na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva para todos.
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